O primeiro gênio de Steve Jobs era técnico. Mal saíra da adolescência quando criou o computador pessoal, com o sócio e amigo Steve Wozniak. Foi a primeira de uma série de seis revoluções tecnológicas que ele protagonizou: depois do primeiro Apple, vieram o Macintosh, os filmes da Pixar, o iPod, o iPhone e o iPad. Todos esses produtos teriam sido impossíveis, não fosse Jobs um profundo conhecedor do que a tecnologia digital era capaz de oferecer na forma de novas máquinas, programas e serviços. Jobs foi um hacker genial – e tinha uma coisa a mais.
O segundo gênio de Steve Jobs era empresarial. Dezenas de livros já narraram sua trajetória de menino-prodígio que criou a Apple, depois foi demitido e lançado ao ostracismo, depois fundou duas outras empresas (Pixar e NeXT), depois foi capaz de transformar seus fracassos em lições e de fazer reviver o negócio que ele mesmo fundara – e ao qual voltara num momento em que todos o julgavam um nome do passado. Jobs foi um homem de negócios genial – e tinha uma coisa a mais.
O terceiro gênio de Steve Jobs era estético. Se o Vale do Silício é a Florença dos tempos atuais, ele foi o mais perto que chegamos de um Leonardo da Vinci, o homem renascentista que conseguia aliar o amor pela beleza ao conhecimento. Seu olhar minimalista para os produtos, sua capacidade de enxergar tudo com os olhos do consumidor, sua mania de perfeição, sua intolerância com a mediocridade e seu gosto pela forma, revelado até no clássico uniforme de jeans, tênis e camiseta preta, são as marcas de um esteta. Jobs foi um artista genial – e tinha uma coisa a mais.
O quarto gênio de Steve Jobs era humano. A trajetória do filho adotivo que abandonou uma filha que só mais tarde foi reconhecer. O chefe temperamental e tirânico que, quando interessava, sabia ser sedutor. O homem que soube enfrentar câncer, transplante e as mais cruéis doenças até o fim, sem se abater. Aquele que, teimoso e incapaz de ceder, era chamado de “campo de distorção da realidade”. Ao cabo da vida, ele distorcera e transformara a realidade de todos nós. Jobs foi um ser humano genial. E nada mais.
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